quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Pastor cria Instituto de Cultura com o objetivo de ensinar música para crianças carentes




Guitarra, contrabaixo, bateria, teclado e vocal. Os instrumentos ficam em um estúdio, servem para vários estilos de música, do gospel ao heavy metal. Mas também servem para que jovens carentes tenham oportunidade de não cair no mundo do crime. Essa crença é defendida com unhas e dentes pelo presidente do Instituto Hebert de Souza, em Mauá, pastor Reginaldo Ferreira.

A história começou há sete anos, quando o religioso teve a ideia de montar um local de estudo de música para instrumentistas evangélicos. “Muitas vezes a Igreja considera errado e ruim a pessoa se profissionalizar na música. Não acredito nisso”, falou. Assim, Ferreira locou uma pequena sala na Avenida Barão de Mauá onde os aspirantes a virtuoses musicais poderiam exercitar as técnicas. “Mas a mentalidade mudou e atualmente o mundo gospel conta com nomes importantes na música”, acrescentou o pastor.

A pequena escola acompanhou a mudança no pensamento religioso. Da sala comercial, a iniciativa passou para prédio com 12 espaços de ensino, um estúdio para ensaios, curso de informática e futuramente aulas de balé clássico e 16 professores. Ao todo, o Instituto Hebert de Souza atende 100 alunos. “Metade faz aulas de graça. Uso a taxa de quem pode pagar para oferecer oportunidade para crianças e adolescentes que não têm condições”, ressaltou Ferreira.

A entidade almeja conseguir parceria com a iniciativa privada para ajudar mais pessoas. O pastor, além de músico, também escreve livros com temáticas evangélicas. O dinheiro da venda dos volumes é investido no instituto. “Usamos também donativos dos fieis, que nos ajudam muito com trabalhos voluntários”, esclarece o líder religioso. “Um jovem não precisa ficar ocioso nas ruas exposto a coisas ruins, ele pode chamar os amigos e ensaiar em casa. Por isso gosto de lecionar música”, resumiu a própria paixão.

Empresários e sociedade podem contribuir com a entidade mantendo alunos. “Quem desejar pode adotar uma criança para o instituto e contribuir mensalmente. Nós vamos mandar relatórios sobre a evolução musical do jovem e, no fim do curso, fazemos apresentações em um sarau”, explicou o pastor. A ideia é nova e até o momento Ferreira espera por simpatizantes.

João Victor Malaquias de Oliveira é um dos alunos do Instituto Hebert de Souza. O garoto tem apenas 6 anos e com muita confiança responde porque gosta de música. “Pode me dar qualquer instrumento, eu toco. Gosto mais de bateria”, conta João, segurando um par de baquetas e com olhos vidrados no violão que repousa em um canto da sala.

O pequeno tem cara de travesso. “Em casa ele sai batucando em todos os móveis e panelas”, diz a mãe, Márcia Regina Malaquias.

Enquanto vê a mãe sendo entrevistada, João dedilha algumas notas desconexas no violão. Tenta pegar uma guitarra, porém não suporta o peso. Então volta para as baquetas que são violentamente chacoalhadas no ar. “Ele foi influenciado pelo irmão, que aprendeu música aqui”, diz Regina.

Pastor Reginaldo Ferreira busca contatos com empresas e até alguns políticos para conseguir atender mais alunos. “Tudo o que faço é para o instituto. Acredito que o verdadeiro trabalho social é isso, se dedicar ao máximo para expandir iniciativas assim”, falou. A instituição atende pessoas independentemente de credo e preferência musical. “Não temos preconceito com nada e também não é exigência que a pessoa siga nossa religião.”

Hebert de Souza foi um sociólogo brasileiro e ativista humanitário que morreu em 1997. De acordo com o pastor, a família de Betinho, como era conhecido, permitiu a utilização de seu nome pelo instituto.

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