Existem poucas provas de que pessoas iam para casa impressionadas com o que ouviram e registraram em frases como: “Bem-aventurados são os pobres, porque deles é o Reino dos Céus”. Grafitti é o termo emprestado do italiano usado para definir “inscrições espontâneas em paredes”. O fato é que muitos deles estão até hoje nas paredes dos templos romanos e reforçam como era a grafia de muitas palavras.
Os pesquisadores que desejam enfraquecer a confiabilidade dos Evangelhos defendem que, se a maioria da população era analfabeta, apenas a tradição oral preservou as palavras do Cristo. Isso inflama o debate sobre a confiabilidade da transmissão oral em uma sociedade antiga, apesar de estar acostumada com a memorização e a oralidade.
Porém, os que acreditam na confiabilidade dos Evangelhos, citam que a sociedade judaica estava acostumada a estudar com profundidade as Escrituras do Antigo Testamento, e sem dúvida havia muitas pessoas capazes de escrever.
Mas a barreira mais comum era provar que a grafia dos termos não sofreu alterações significativas nos primeiros séculos. Em suma, cairiam por terra os argumentos de que os registros dos Evangelhos seriam posteriores às datas comumente atribuídas a eles.
Descobertas arqueológicas recentes em Israel apresentam fortes evidências de que era uma população muito letrada. Elas são defendidas pelo arqueólogo israelense Boaz Zissu, professor da Universidade Bar Ilan, ex-comandante da unidade de proteção de antiguidades em Israel e especialista em grafitti.
“Se pensarmos sobre um nível de alfabetização básica, considerando o número e a amplitude da população que representam, os grafittis que conhecemos provam que essa parte do mundo era bastante alfabetizada. Uma percentagem muito grande da população possuía habilidades básicas de escrita”, disse ele ao The Jerusalém Post. ”Se alguém queria registrar algo importante naqueles tempos, usavam um tipo de prego para escrever nas paredes de alguma caverna”.
O historiador Flávio Josefo registrou que no ano 64, o sumo-sacerdote Josué Ben Gamala, antes da primeira revolta judaica contra os romanos, desejava colocar um professor para cada 25 crianças em Israel… O objetivo era que todas pudessem ser alfabetizadas. O próprio Jesus muitas vezes perguntava aos seus adversários: “Não lestes …?”. Como ele poderia falar assim se todos fossem analfabetos? Jesus nunca ouviu como resposta: “Como perguntas isso se nem você nem seus pescadores sabem ler?”.
O professor Jonathan J. Price, presidente do departamento de estudos clássicos da Universidade de Tel Aviv, conta com uma pequena equipe para analisar 13 mil textos em 10 idiomas. Ele diz que o estudo dos graffiti antigos tem sido bastante negligenciado, mas pretende formar em breve uma equipe de especialistas internacionais para analisar todas as inscrições encontrados entre o século IV aC e VII dC.
Parados em uma rede de túneis subterrâneos usados pelos rebeldes judeus durante a Segunda Guerra judaica, em 135 dC, eles analisam as inscrições nas paredes. Uma palavra composta das letras hebraicas shin, peh e nun, é bem visível. Naqueles dias, assim como hoje, significa “coelho”. ”É uma palavra bem conhecida, que a Bíblia menciona diversas vezes, mas é a primeira vez que temos um registro dela no contexto do Segundo Templo, no século primeiro “, disse Boaz Zissu. ”Aqui você pode ler algo escrito por um dos nossos antepassados há dois mil anos. É como receber um e-mail do passado “.
Depois de terem decifrado todas as inscrições, o que levará alguns anos, poderão surgir evidências de registros sobre a pessoa e os ensinamentos de Jesus. As maneiras de como certas palavras aparecem escritas nesses grafitti reforça para os estudiosos a datação de cópias antigas dos Evangelhos.
Em outras palavras, comprovam que a língua não sofreu tantas alterações quanto alguns pesquisadores afirmam e que os registros dos Evangelhos correspondem à maneira como se escrevia no primeiro século.
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