Visto facilmente através de imagens de
satélite, mas fortemente negado pelo governo, os campos de concentração
norte-coreanos carregam o horror das prisões e torturas da época do
Holocausto. Um livro, lançado no início desse mês, traça o perfil de
Shin Dong-Hyuk, único homem que conseguiu escapar de um campo
classificado como "zona de controle total". Depois de passar algumas
semanas na lista dos mais vendidos, Escape from Camp 14 (Escapei do
Campo 14, tradução livre) chamou a atenção internacional para a Coreia
do Norte.
O país, frequentemente, enfrenta
críticas de organizações de direitos humanos. A Portas Abertas EUA
destaca a terrível situação em que vivem os crentes da Coreia do Norte: a
isolada nação asiática ocupa a posição número um na Classificação de
Países por Perseguição de 2012; de uma compilação de 50 países onde os
crentes enfrentam mais perseguição religiosa. Estima-se um número entre
quarenta e setenta mil cristãos que sofrem em campos de zona de controle
total, onde as pessoas rotuladas como "pensadores errados" são enviadas
para morrer.
Shin Dong-hyuk nasceu neste mesmo tipo
de campo, em 1982. Em seu livro, ele admite que denunciou sua mãe e
irmão aos guardas da prisão porque eles planejaram fugir sem ele. Como
resultado, eles foram pendurados na frente de Shin e outros
prisioneiros; ele próprio também foi torturado, como punição por seu
"crime".
Shin disse ao jornalista americano
Blaine Harden, autor de Escape from Camp 14, que ele “queria que as
pessoas soubessem qual é o tipo de criança que vive nesses campos:
extremamente leal aos guardas; que faria qualquer coisa para conseguir
mais alimentos".
As condições nos campos de prisioneiros
norte-coreanos são semelhantes aos campos sob o inesquecível regime de
Hitler, Stalin e Mao. "Prisioneiros políticos" trabalham,
essencialmente, até a morte; enquanto são submetidos a torturas físicas e
psicológicas graves. A Portas Abertas revelou que a carga horária
básica de trabalho são 18-20 horas por dia, com pouca ou nenhuma comida.
Para complementar a ração que recebem para comer, os presos consumem
qualquer coisa comestível, incluindo cobras, ratos, insetos, raízes e
ervas.
Em abril, a Comissão Norte-Americana
para os Direitos Humanos na Coreia do Norte lançou um relatório baseado
em entrevistas com 60 ex-prisioneiros e guardas. O relatório de duzentas
páginas descreve prisões localizadas principalmente nas regiões
montanhosas do norte, rodeadas por arame farpado e cercas elétricas –
cercas que Shin escalou na esperança de escapar, usando o corpo de seu
melhor amigo como isolamento contra a corrente mortal.
Em 2009, a Coreia do Norte declarou ao
Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas: "O termo ’preso
político' não existe no vocabulário da DPRK (sigla em inglês que,
traduzida, quer dizer República Democrática Popular da Coreia);
acampamentos dos prisioneiros chamados ‘políticos’ não existem”. De
acordo com o relatório de abril, ex-prisioneiros foram capazes de
identificar seus locais de trabalho, áreas de execução e outros marcos
usando imagens de satélite disponíveis no Google Earth.
Greg Scarlatoiu, diretor executivo do
Comitê para os Direitos Humanos na Coreia do Norte, disse que, enquanto a
Coreia do Norte tenta esconder as realidades terríveis de Pyongyang,
mais de trinta mil desertores norte-coreanos fugiram do país.
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