sexta-feira, 30 de março de 2012

Professora evangélica prega em aula e aluno sofre bullying na escola

Professora evangélica prega em aula e aluno sofre bullying na escola

Um aluno do 2º ano do Ensino Médio da Escola Estadual Antonio Caputo, em São Bernardo, na Grande São Paulo, diz que passou a ser vítima de bullying e intolerância religiosa na escola. O adolescente Magno, 15 anos, diz que isso foi motivado pela pregação evangélica realizada pela professora de História Roseli Tadeu Tavares de Santana.

A família alega que ele começou a ter falta de apetite, problemas na fala e tiques nervosos desde que passou a perseguido por colegas de classe por não concordar com a “pregação” que a professora faz antes de cada aula.

O jovem, que é praticante de candomblé e não queria ouvir os cerca de 20 minutos de leitura da Bíblia e comentários que a professora faz antes de cada aula. A professora diz que a pregação religiosa faz parte do seu método e não quis comentar o caso.

O adolescente alega que desde que começou a ter aulas com Roseli, ficava constrangido. Logo, passou a ser atacado pelos demais colegas, que se afastavam dele ao saber de sua crença e chegou a receber ofensas contra os seus pais. Sebastião da Silveira, 64, pai do jovem é sacerdote do candomblé.

“Ficamos abalados”, disse “A própria escola não deu garantias de que meu filho terá segurança.”
A Secretaria Estadual da Educação prometeu que irá apurar a história e lembra que pregar qualquer religião em sala de aula é proibido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

A presidente da Associação Federativa da Cultura e Cultos Afro-Brasileiros, Maria Campi, anunciou que dará apoio total à família. “Nossas crianças não têm direito a ter uma identidade. São discriminadas quando usam as vestimentas. Falta estudar mais as culturas africanas”, reclama.

Quem também está insatisfeito com a prática são alguns alunos. “Não aprendi nada com ela. Só que teria de ter a mesma religião que ela”, disse um aluno de 16 anos. Inclusive alguns pais evangélicos de alunos reclamaram: “Nunca foi falado em casa que ela fazia isso. Senão eu reclamaria, é errado”, disse a doméstica Edemilda Silva, 46, mãe de um aluno da oitava série da escola, “Se quiser ouvir a palavra, vou à igreja”.

Agora que um registro de ocorrência foi feito no 4º Delegacia de Polícia, a Comissão de Liberdade Religiosa da Ordem dos Advogados do Brasil e o Ministério Público irão se pronunciar. “O Estado brasileiro é laico e não pode promover uma religião específica através de seus agentes. É preciso compreender a importância do respeito à escolha do próximo”, disse Damaris Moura, presidente da comissão.

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